Dos 37 indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de estado e formação de quadrilha, 25 são militares. E desses, 24 ligados ao Exército e um à Marinha. Dos integrantes do exército, 12 estão na ativa, ou seja, exercendo ainda suas funções, a maioria de alta patente. Um deles é o general, Nilton Diniz Rodrigues, que a reportagem não localizou a defesa. Outros seis são tenentes-coronéis, e quatro coronéis. Apenas um é subtenente.
Para a doutora em Relações Institucionais Ana Penido, pesquisadora na Unicamp e especialista sobre a formação militar no país, as denúncias acabam gerando desconfiança sobre a atuação de parte das Forças Armadas.
Ana Penido chama a atenção para as investigações terem colocado o foco em um grupo específico do Exército, das Forças Especiais, chamado de Kids Pretos.
Já os demais indiciados, são seis militares reformados, aposentados, com a patente de general, incluindo os ex-ministros do governo Bolsonaro Braga Neto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
A defesa de Braga Netto disse que vai esperar ter acesso ao relatório da PF para emitir um posicionamento formal e fundamentado. Já os advogados de Augusto Heleno e Paulo Sérgio preferiram não se manifestar.
Outros três militares acusados são coronéis aposentados, e mais três tem baixa patente, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, capitão reformado do exército. Ao comentar seu indiciamento, Bolsonaro atacou o ministro do STF Alexandre de Moraes dizendo que ele “faz tudo o que não diz a lei”.
O almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, também aparece na lista e se declara inocente.
Questionado sobre as providências que tomaria com os envolvidos, o Exército respondeu que a Força não se manifesta sobre processos em curso, conduzidos por outros órgãos, procedimento que tem pautado a relação de respeito com as demais instituições da República.