O cinema nacional perdeu nesta quinta-feira uma das suas maiores referências. O cineasta e professor Vladimir Carvalho morreu aos 89 anos, em um hospital de Brasília, vítima de infarto. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, decretou luto oficial de três dias.
Paraibano de Itabaiana e morador da capital federal desde os anos 1970, Vladimir Carvalho imprimiu sua marca na história dos cinemas brasileiro e brasiliense. Registrou de forma atemporal a memória do país.
Com 50 anos de carreira e mais de vinte filmes, entre curtas e longas, Vladimir se consagrou como um dos mais importantes documentaristas brasileiros. Apaixonado por cinema, ele começou a carreira ainda jovem, na Paraíba. Filmou as injustiças sociais, denunciou a censura e as perseguições durante a ditadura. Integrou o movimento do cinema novo e foi um dos primeiros professores da Universidade de Brasília.
Doutora em História, especialista na obra de Vladimir Carvalho, a jornalista Aline Carrijo explica que o trabalho e a dedicação do cineasta contribuiu para mudar a linguagem cinematográfica brasileira.
Sob o olhar da sua câmera, lavradores, violeiros, ceramistas e retirantes estão eternizados o Nordeste profundo e a saga dos candangos na construção de Brasília. Entre suas principais produções estão O País de São Saruê, O Itinerário de Niemeyer, José Lins do Rego, O Evangelho Segundo Teotônio, Barra 68 e Conterrâneos Velhos de Guerra.
Mestre generoso, Vladimir Carvalho formou, nas salas da universidade e nos sets de filmagens, novas gerações do audiovisual brasileiro. Para o cineasta pernambucano Josias Teófilo, Vladimir deixa um legado a ser celebrado na cultura brasileira.
Ciente da riqueza da sua filmografia, Wladimir Carvalho, doou todo o seu acervo ainda em vida para a UNB.
O velório do documentarista acontece no Cine Brasília, que foi a sua segunda casa, nesta sexta-feira pela manhã.